quinta-feira, 18 de novembro de 2010

arte da vida



Neste momento ralo, tudo o que eu queria era estancar o choro. Às vezes, para nos tornarmos fortes, temos que reconhecer nossas próprias fraquezas. E num embalo mágico fazer sorrir esparramando flores. Como naquele tempo que desconhecia o complicado. Naquele tempo em que nossos desejos eram miúdos e simplificados e, por isso mesmo, os mais bonitos. Naquele tempo onde nossas alegrias pareciam durar uma vida inteira. E as dores não eram alojadas por muito tempo.
É, passou-se os tempos das nossas andanças pelas madrugadas, descalças de emoções sujas e travessas. Das nossas atmosferas lúdicas capazes de esbarrar qualquer tipo de frustação mesquinha.
Hoje, nosso tempo é outro. Tempo de dores mais persistentes e mais doídas. Tempo de medos e feridas abertas e expostas. Tempo sem porta de saídas. E de corredores cada vez mais estreitos. Mas é aí que mora o fio da meada. É aí que vive a motivação. Porque o difícil pode esconder também beleza -pra nós -mulheres de aço. [Aquelas que são só por fora, porque, dentro, somos derretidas mesmo. Choramos com certa facilidade. Perdoamos mais rápido ainda.]
E, amanhã, cabe a nós o dom de contornar as agruras da vida. A cultivar a sementinha da boa esperança num vaso que fique sempre à mostra. A morrer de amor quantas vezes quiser, sem se perder por isso. Porque uma coisa eu digo: a gente não morre de amor. A gente vive.


( Danielle Caldas )

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