quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Pleonasmos



"Morrerás morte vil na mão de um forte."

Gonçalves Dias

Hoje eu vou falar de você. Ou não. Talvez eu fale de amor. Talvez eu fale de aeroportos abarrotados de gente ou de aviões ou do tempo que se leva pra decolar. Odeio aviões. Ou direi que estou ficando louca e que tua confusão também me perturba. Chamarei minha mãe pra me dar conselhos e meu pai pra explicar a sabedoria dos antigos. Ou inventarei de ler qualquer um desses seus livros de poesia. Ou analisarei uma obra de um autor que ninguem ouve falar. Ou irei ao cinema. Ou ao museu. Mas ja fui ao museu inumeras vezes. Prometi voltar. E eu ando cheia de pleonasmos.Pleonasmo é um senhor 'pomposo' que adora repetir seus fracassos. E agora, ouço Carl Orff em O Fortuna. Tambem gosto de música clássica,ando de calcinha quando estou em casa e me saboto de vez em quando.Não conta nada pra ninguém, mas eu odeio comida japonesa, multidões e fumo maconha de vez em quando.(haha tô brincaaaando,totalmente contra drogas!).Mais vez que quando. E me prendam porque sou pornográfica e gosto de sexo mais do que devia.(continuo brincando,parei).E sou desconfiada.Adoro meus amigos e quase todos estão em crise existencial. E eu não entendo gente que vive de comprar roupa de grife, mas não consegue se decidir entre andar de bicicleta, se matricular num mestrado ou fazer amor. E meus amigos gays são ótimos. Lindos, inteligentes e amáveis.Sem falar nos amores que tive na infância(ingenuidade sem fim).Hoje passo e não deixo que eles me vejam. Porque nada mais sou eu. Me deixei há dias. O Passado é abrasivo. Deixa rombos e não quero meu riso dilacerado por frustração alheia. Poético não? Não, pueril*. E idiota também. O que seria eu senão uma completa idiota banida por um "sentimentozinho de amor"? eu paro,na verdade é que se não fosse esse amor,nada eu seria. A vida não passa de esplendidos momentos de aprendizagem, gargalhadas e exaustivas horas de choro. Por isso me invento. Por isso vou ate o fundo. Por isso escrevo e não me deixo domar pela covardia das incertezas.Por isso rasgo o verbo e desnudo essa alma em desmantelo que sou. Por isso sobrevivo ao inferno.



*
adj. Que se refere à infância: ato pueril.

Infantil, sem valor: argumento pueril.

Um comentário:

  1. Que texto mais lindo esse ! *------*
    Já li ele umas 3 vezes e fiquei pensando:
    - Eu quero um dia ter um pensamento tao aberto assim e poder fazer textos tao bons como esse!
    hehe

    mto bom Dani
    teadoro *-*
    <3

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